A Lei do Funil

Larga para alguns (poucos), estreita para todos os outros!

Aqui se fala, umas vezes a sério outras a brincar, de coisas que nos irritam, alegram, entristecem ou, muito simplesmente, nos enfadam.

2009-01-19

Mas afinal quem é que baixa o rating da economia americana?

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Horácio Piriquito, no Jornal Oje de 2009-01-19, coloca uma questão interessantíssima. Mas afinal quem é que baixa o rating da economia americana?. Ninguém, ao que consta... E porquê?

Não foi a S&P uma das agências de rating que, durante anos, deu cobertura aos produtos derivados e aos CFCs que estiveram na origem da actual crise financeira global?
Bom, Horácio Piriquito trata de nos recordar alguns factos da história recente. E que factos!

HP: «A STANDARD & Poors (S&P), agência americana de rating, provavelmente a mais reconhecida do Mundo, começou a baixar as notações de algumas economias europeias, as mais frágeis: Espanha, Grécia, Irlanda e Portugal. Mas Rússia e Austrália também já entraram na lista, e outras entrarão.

As reacções, em cada país, nas esferas politica, social e financeira agudizaram-se.

À partida tudo parece normal. As economias no global estão em dificuldades, quase todas recessivas e em condições mais fragilizadas do que há meses atrás.

Mas podemos colocar uma questão e fazer um comentário.

Questão: Quando assistimos ao corte no rating de países europeus pela americana S&P podemos perguntar, então e os EUA? Não estão os americanos também em recessão? Não triplicaram a sua divida? Não têm bancos a falir? Não têm taxas de juro a tender para zero? Não estão a resistir com ajuda de dinheiros publicos?

Comentário: Não foi a S&P uma das agências de rating que, durante anos, deu cobertura aos produtos derivados e aos CFCs que estiveram na origem da actual crise financeira global? Muitas vezes selando-os com a notação máxima, o ambicionado "AAA"! Os mercados sabem como estas notações de topo foram decisivas para a penetração dos produtos derivados - de risco! - junto de investidores mais conservadores como, por exemplo, os fundos de pensões.

É verdade que o dólar tem um Exército mais poderoso e organizado que o Euro. É verdade também que a S&P é americana.
Mais uma vez a Europa está a perder! Claro que os mercados também sabem que os EUA são poderosos nos seus valores e poderes intangíveis. E, contra isso, a UE pode fazer quase nada.

O dólar continua a ser a moeda mundial de referência, apesar do Euro se ter fortalecido bastante. Petróleo, gás, ouro, matérias-primas, continuam a ser valorizados e transaccionados em dólares. E, por isso, os EUA em recessão continuam sentados no seu rating de topo, sem que a S&P admita sequer retocá-lo.

Porquê continuarmos preocupados se a UE tem uma politica externa comum? Porquê a ansiedade de vermos a UE como um bloco politico coerente e único?

Na verdade, [a UE] está vergada à pujança americana dos mercados e das finanças. Não tenhamos ilusões.

Divaguemos um pouco. Quando De Gaulle, no final dos anos 60, exigiu aos EUA o pagamento em ouro da sua divida à França para retirar o dólar do circuito, Bretton Woods, em 1971, comandado pelos americanos, eliminou o padrão ouro da cena internacional. Coincidência?

No início desta década, quando Saddam Hussein exigiu aos EUA que começassem a pagar o petróleo ao Iraque em euros, sabe o que aconteceu? É preciso recordar?

O poder militar continuará a ser um valor intangível nos circuitos financeiros internacionais.

É verdade que o dólar tem um Exército mais poderoso e organizado que o Euro. É verdade também que a S&P é americana.

Conclusão: quem anseia pelo fim do império americano, desengane-se! Mais depressa se desagrega a UE do que os americanos perdem a sua força e a sua influência planetária



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