A Lei do Funil

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Aqui se fala, umas vezes a sério outras a brincar, de coisas que nos irritam, alegram, entristecem ou, muito simplesmente, nos enfadam.

2012-07-18

O fantástico currículo de Miguel Relvas (doc 3 de 1997)

Miguel Relvas tem um curriculo fantástico.
A Universidade Lusófona em 2006 rendeu-se a tanta capacidade e atribuiu-lhe créditos suficientes para só necessitar de fazer 4 cadeiras em 36 de um bacharelato reclassificado em licenciatura. Mas essas capacidades já se haviam revelado e eram repetidamente louvadas por jornais e revistas de referência antes de 1997.
Em 1997 o jornal "A Região" publicou uma compilação de vários documentos saídos em diversos orgãos de comunicação social sobre este tema. Se quiser consultar essa compilação pode vê-la aqui (documento .pdf).

Nós na Lei do Funil queremos contribuir para a acessibilidade dessa informação que nos chegou apenas sob a forma de imagem.

Usando as facilidades proporcionadas por um OCR eis que tornamos acessíveis a todos, motores de busca inclusivé, os factos mais relevantes do currículo de Miguel Relvas como eles eram conhecidos (já) em 1997 (parte III).


«Segundo O Independente de 20 de Outubro de 1989, página 5, "O escândalo das viagens", pode ler-se "Vitor Crespo descobriu uma agência de viagens suspeita. Mandou suspender pagamentos. Só um deputado foi apanhado em nove mil contos. E há mil e um truques". Segundo o jornal, que ilustra o artigo com uma fotografia da agência de viagens Sinestur e afirma "a sede da agência suspeita: por ali passarão 70% das viagens do PSD". As de Miguel Relvas também. Aliás, na altura "cerca de 80% das receitas da Sinestur" devem-se "às viagens de deputados que recorrem à agência".

MR_Talequal (173K) Truques?

Os próprios deputados é que os descrevem. "Alguns parlamentares entregam os livros de requisições à agência e esta dar-lhe-ia o valor correspondente. Dinheiro para depois ser usado à vontade. Umas vezes, trocando viagens de primeira por turística e poupando a diferença. Outras, trocando viagens internas por internacionais. Só ou acompanhados".

Segundo o mesmo jornal, Vítor Crespo, presidente da Assembleia da República, conhecia casos suspeitos de declarações indevidas de residência fora de Lisboa". Nem mesmo a aprovação do artigo 15º da Lei nº 3/85, de 13 de Março, que aprovou o Estatuto dos Deputados, evitou certos deslizes e ajudou a minorar "a visão que os deputados tinham do Parlamento: uma galinha dos ovos de oiro". O novo/velho estatuto permitiria assegurar a "transparência e linearidade" da vida parlamentar, segundo o jornal Tempo, de 9 de Novembro de l989, página 7.

O nome do deputado Miguel Relvas, nesta questão das viagens, aparece pela primeira vez nos nossos arquivos num artigo do semanário Tal e Qual, de 22 de Março de 1996, na sua página 3, com o sugestivo título "Ex-deputado acusado de burlar Assembleia: Não, não sou o único!".

Então aí vai.

"Da extensa lista de utilizadores regulares da Sinestur, e com "conta-corrente", constavam - soube-se, entretanto, no tribunal - numerosos deputados, entre eles Luís Filipe Menezes, António Bacelar e Miguel Relvas".

Miguel Relvas volta a ser referido na edição de A Capital de l7 de Abril de 1996, página 11.

MR_contacorrente (86K)Aí aparece pela primeira vez o débito do deputado do círculo de Santarém com o bilhete de identidade nº 7929625, "com 416.196$00 de débito e 670.476$00 de crédito e 254.280$00 de saldo". Em resposta ao jornal afirmaria que "eu na altura era dirigente nacional da JSD e utilizei aquela agência. Nunca fiz viagens ao estrangeiro, só para o Porto, Madeira e Açores. Não tenho nada a omitir sobre esta matéria. Estou de consciência tranquila. António Coimbra junta-nos a todos numa tentativa de se defender".

Ainda segundo este jornal o "actual presidente da distrital de Santarém do PSD queixa-se de que agora é dos que recebem menos porque o seu circulo eleitoral é dos mais perto de Lisboa". E esclarece porque escolheu a agência. É que "a agência era debaixo da sede da JSD e éramos todos lá clientes".

A 6 de Julho de 1996, Miguel Relvas volta a brilhar, desta vez no conceituado Expresso, que reproduzimos parcialmente nas nossas edições de 10 e 17 de Julho de l996.

Na página 8 da referida edição do Expresso, pode ver-se a sua foto e a legenda "Este parlamentar requisitou viagens em bloco à Assembleia, mas depois não as realizou e foram creditadas na conta corrente", cujos valores já tinham saído na Capital, de 17 de Abril. Na citada edição do Expresso, o deputado que pretensamente representa Tomar e que chegou a ser vogal da Assembleia Municipal de Tomar durante duas (2) sessões em 1989, explicou os motivos dessa famosa conta-corrente, que não variam muito dos esclarecimentos prestados a A Capital. Só que no Expresso adianta que "grande parte das requisições de viagens que constam da documentação é da AR e não do partido".

Complementa o jornal que "do dossier de Relvas constam sete requisições da AR para viagens nacionais entre 87 e 88, em "open", mas cobradas à AR, num total de MR_totonegocio (90K)255 contos, dando origem a um crédito de 227 contos na sua conta-corrente". O semanário de maior expansão nacional adianta que "Miguel Relvas diz que nunca se preocupou em fazer corresponder as requisições das viagens à sua realização". Inocentemente deixa escapar que "só depois do caso de Coimbra é que percebi que isso poderia ser mal interpretado".

Na edição seguinte o Expresso voltou a beliscar com um título apelativo: "Cavaco sabia das fraudes desde 1989".

E na sua página 7 quem é que ilustra a investigação do Expresso? Uma foto de Miguel Relvas e... a sua conta-corrente, parcela a parcela.

A 19 de Outubro o Expresso volta a referir Miguel Relvas no capítulo das "viagens-fantasma" dos deputados, em que "Documentos desaparecidos se calhar nunca existiram".

Aí pode ler-se "Requisições e comprovativos de viagens de l987 existem também relativamente a Luís Filipe Menezes e... Miguel Relvas".

Mas as proezas do jovem deputado são de tal monta que o Tal e Qual dedica-lhe mais umas linhas para o seu historial nesta atribulada relação com a contabilidade da AR. Na página 6 da edição de 25 de Outubro de 1996 refere-se que "outros nomes têm vindo a lume na saga das viagens "fictícias", como o do ex-secretário geral adjunto do PSD, Luís Geraldes, Luís Filipe Menezes e...Miguel Relvas".

Esperam-se os próximos episódios. »



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